segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Sobre Bhaktyalok // Sripad Gurudeva Atulananda Acharya Maharaj


Sobre Bhaktyalok
Por Sripad Gurudeva Atulananda Acharya Maharaj



Sábado, 25 de setembro de 2015 Santiago, Chile


                  Meus queridos devotos e devotas. Que estejam todos bem.

                  Me pareceu prudente escrever algumas palavras sobre essas interessantes novidades que estão  acontecendo na família Vrinda. Creio que é um grande desafio e uma nova oportunidade que nos dá Krishna para aprofundar e nos tornarmos mais amplos. Justamente essa é uma das tantas belezas que tem Gurudeva Paramadvaiti, sua profundidade e habilidade para estar no mundo da essência.



                  O que está acontecendo agora com Bhaktyalok é uma verdadeira benção para nossa família. É um grande ensinamento que Gurudeva Paramadvaiti está dando, um ensinamento de amplitude, de apoio a necessária expansão que deve ter a consciência de Krishna. Com esse passo ele quer nos prevenir da mentalidade sectárea, quer nos tornar mais apreciativos a outros vaisnavas, quer formar líderes até o máximo nível.



                  Considero que estamos vivendo um momento histórico muito valioso e importante que nos levará a novas compreensões, mais amplas e profundas. Prabhupad Bhaktisiddhanta disse uma vez que um médico quer formar outros médicos, não a meros enfermeiros ou algo do estilo, do mesmo modo, disse ele, um guru quer formar outros gurus. Gurudeva Paramadvaiti também disse que existem guru de discípulos e guru de gurus, essa explicação que nos deu uma vez me pareceu muito  apropriada e valiosa, e com o que tem feito nos demonstra que ele pertence ao segundo grupo de gurus.



                  Além disso, ele sentiu a necessidade de permitir que os devotos se desenvolvam mais, de acordo a suas inclinações e capacidades. Também sentiu a necessidade de ser mais apoiado, mais acompanhado para carregar a carga dessa bela família Vrinda que não pára de crescer e que vai alcançando proporções nem sequer imaginadas antes, não só pelo número de devotos e programas, mas também pelos tantos tipos de projetos que sua estratégica inteligência pregadora descobre a cada momento. Por isso devemos colaborar com sri gurudeva para apoiá-lo nessa novo e transcendental empreendimento. Devemos tratar de compreendê-lo e apoiá-lo, assim cresceremos. Filosoficamente falando, não vejo nenhum mal nisso. Permitam-me apontar alguns pontos para apresentar esse tema com mais claridade.



1. Em primeiro lugar, a filosofia nos diz que devemos seguir ao Acharya e tratar de compreendê-lo e não questioná-lo. Devemos ser muito cuidadosos com isso.



2. Está claro que Bhaktyaloka é o desejo de Gurudeva e por isso foi dado seu próprio nome a este novo ramo. Justamente para que não haja nenhuma dúvida na mentalidade dos devotos, de que é uma idéia sua, um desejo seu. É um desejo, como disse antes, muito profundo e interessante, muito dinâmico e de demonstração de confiança a seus dois amados discípulos sannyasis que sempre tiveram uma conduta impecável.



3. Gurudeva se caracteriza por ser muito franco e sempre dizer o que pensa, as pessoas gostando ou não. Também se caracteriza por ser muito firme em suas ideias. Sabemos muito bem que ele não faria algo que não seja aprovado por seu ser interior. Ele também não faria algo assim sem ter pensado muito bem antes. A verdade é que faz pelo menos três anos que ele está expressando esse desejo de que alguns de seus sannyasis comecem a iniciar. É na realidade impensável acreditar que ele não diria nada a seus discípulos sannyasis se pensasse que não estão fazendo as coisas bem ou que não estou representando-o devidamente. É verdadeiramente guru-ninda, ofensa ao guru, pensar que ele não vai corrigir seus discípulos e além disso, vai animá-los a que iniciem novas almas sem considerá-los qualificados. Isso é acusar ao guru de insensatez e. hipocrisia



4. No Sri Chaitanya Charitamrta se descreve com felicidade e eu diria que até com orgulho, o modo como a árvore de Sri Chaitanya Mahaprabhu foi crescendo e se desenvolvendo em muitos ramos e subramos. Permitamos que esse grande ramo da Família Vrinda comece a crescer seu primeiro sub-ramo na forma desse novo Bhaktyaloka.



5. Logo no começo do Jaiva Dharma vemos a história de Premadas Babaji iniciado a Sannyasi Thakur e levando-o depois a conhecer seu próprio mestre espiritual, Pradyumna Brahmacari. Ler isso me permitiu aceitar ainda mais a ideia de que um discípulo pode iniciar mesmo estando seu guru presente. O próprio Mahaprabhu, o grande emblema de devoto perfeito, iniciou discípulos enquanto seu guru estava vivo.



6. A consciência de Krishna é muito ampla e inovadora, se ajusta ao tempo e circunstâncias. E o Acharya tem a liberdade para fazer essas inovações, porque como bem se diz: “quem conhece bem a regra sabe quando quebrá-la”. Não devemos ficar em dúvida com o que ele decide. Não devemos acreditar que somos mais inteligentes que o guru.



7. Filosoficamente diz-se também que um sannyasi é um mestre de brahmanas, e Gurudeva Paramadvaiti vária vezes disse que um presidente de templo é um guru, que inclusive é até mais guru que ele mesmo, porque está sempre presente ajudando os devotos de seu templo. Então, nesse caso seria formalizar esse conceito que é claro e correto, e levá-lo a prática. É dar mais vida e corpo a uma bela e profunda compreensão da Filosofia.



8. Ouro ponto é que a aceitação de um guru é um assunto do coração, e se alguém que conheceu Giri Maharaj ou Padmanabha Maharaj, e prefere se iniciar com Gurudeva Paramadvaiti, assim será. É como quando Srila Sridhar Maharaj estava presente no planeta e se algum devoto em nossos templos queria se iniciar com ele, não havia nenhum problema.



9. Talvez esse outro ponto seja um pouco secundário mas penso que existe também o desejo de Gurudeva de erradicar o falso conceito que Prabhupad Bhaktisiddhanta chamou “eka-guru-vada”, ou o fato de pensar que só existe um guru salvador, e que esse é justamente meu guru. Parece-me mais maduro e interessante aprender a conviver com a pluralidade de gurus, entrar na “terra dos gurus” como assim chamou Srila Sridhar Maharaj e assim aprender a apreciar e a venerar a mais vaisnavas, o que tornará muito mais atrativa e afortunada nossas vidas.



10. Pensar ou dizer, que Giri Maharaj e Padmanabha Maharaj tinham o desejo de começar sua própria missão e de começar a dar iniciação passando por cima de seu guru é uma grande ofensa a dois vaisnavas muito respeitáveis e genuínos. Não se pode falar dessa maneira sem colocar em risco sua própria vida espiritual. Não podemos brincar com essas coisas. Pelo contrário, diria eu, eles estão obedecendo inclusive com dor e grande esforço, a ordem de seu guru, é uma demonstração de submissão e obediência diante  de um serviço que implica uma grande responsabilidade e risco. Um serviço que decidiram realizar só porque seu guru os pediu, e não porque em algum momento tiveram esse desejo.



                  E com esse ponto já passamos para aos fatos históricos para além da análise filosófica que antes fizemos. Parece que é necessário para alguns devotos ter claro que essa ideia não surgiu da mente deles e sim que foi um pedido de seu Gurudeva.

                 

                  Por isso solicito a vocês que apóiem essa ideia e que aproveitemos de crescer junto com ela, porque essa situação a que nos empurra Gurudeva Paramadvaiti abre novos horizontes. Ele está compartilhando conosco suas próprias realizações, nos está obrigando a viver em “união em diversidade”. Nos força a ser mais apreciativos em relação a outros vaisnavas, e nesse caso a seus dois discípulos sannyasis como antes nos ensinou a apreciar os vaisnavas acharyas da Índia.



                  Sabemos também que ele está sempre preocupado por evitar o mais possível caos quando ele já não estiver mais presente, desse modo, se já existe discípulos seus iniciando, já  haverá mais acharyas estabelecidos e firmes que poderão cuidar e levar adiante a missão que ele deixar.



                  Sinceramente, para além de critiar a Giri Maharaj e Padmanabha Maharaj por isso que está acontecendo, deveríamos admirá-los e dar parabéns porque é um passo muito duro na verdade, o mais indesejável. Faz anos que estive conversando com eles pessoalmente, desde que Gurudeva lhes manifestou seu desejo, e eu vi o quanto lhes custou aceitar. Sinto que posso compreendê-los porque para mim foi muito difícil aceitar o serviço de guru, nunca desejei algo assim. Nós buscamos um guru para sermos eternos discípulos, desejando a rendição e deixar de lado toda posição e prestígio, mas o resultado, poderíamos dizer, foi justamente o oposto, pela graça de Krsna o devoto entende e sente muito bem que não é guru, e sim uma tentativa de servente de seu guru, ou como bem disse Gurudeva: “guru por necessidade e não por capacidade”.



                  Poucos dias atrás Giri Maharaj me expressava em uma bela carta de que maneira se sentia agora mais próximo e mais dependente de seu mestre espiritual. Me contava com confiança também que se sentia como um coelhinho da Índia, mas que seus erros serviriam de aprendizado a outros vaisnavas quando tomassem o mesmo serviço. Minha resposta foi que eu o compreendia muito bem porque me manifestava o que eu senti quando comecei a fazer o mesmo. Me senti mais próximo a Prabhupad, e pude ver mais claramente de que maneira os devotos que se aproximavam de mim eram na verdade representantes de meu Gurudeva.



                  Em resumo, meus queridos devotos leitores, lhes peço que não desconfiem deles, nem dessa decisão que nosso Gurudeva tomou. Pelo contrário, devemos apoiá-la e devemos orar pelo pleno êxito de Bhaktyaloka porque será o êxito de nosso Gurudeva que desejou, idealizou e deu seu próprio nome, e será o êxito de todos nós por mostrar que não sentimos inveja e que nos regozija muito ver os avanços espirituais de nossos irmãos.



                  Jesus Cristo disse que “por seus frutos os reconhecerás”. Desse modo, devemos nos sentir felizes e orgulhosos desses dois frutos que estiveram amadurecendo por tantos anos. Devemos sentir mais fé e confiança de que estamos nos inclinando a uma boa árvore e guardar a esperança e orar para que tomara um dia possamos amadurecer também e poder distribuir o mesmo sabor e doçura do coração de nossos Gurudevas. É simplesmente o serviço que cedo ou tarde todo devoto comprometido espera.



                  Se alguém tiver perguntas pode me escrever, e também a Swami Giri e Padmanabha Maharaj se ofereceram para atender suas possíveis inquietudes.





Com o desejo de lhes servir de alguma maneira, vaisnava-dasanudasa,



Atulananda das.


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