Sobre
Bhaktyalok
Por Sripad Gurudeva Atulananda Acharya Maharaj
Sábado, 25 de setembro
de 2015 Santiago, Chile
Meus
queridos devotos e devotas. Que estejam todos bem.
Me
pareceu prudente escrever algumas palavras sobre essas interessantes novidades
que estão acontecendo na família
Vrinda. Creio que é um grande desafio e uma nova oportunidade que nos dá
Krishna para aprofundar e nos tornarmos mais amplos. Justamente essa é uma das
tantas belezas que tem Gurudeva Paramadvaiti, sua profundidade e habilidade
para estar no mundo da essência.
O
que está acontecendo agora com Bhaktyalok é uma verdadeira benção para nossa
família. É um grande ensinamento que Gurudeva Paramadvaiti está dando, um
ensinamento de amplitude, de apoio a necessária expansão que deve ter a
consciência de Krishna. Com esse passo ele quer nos prevenir da mentalidade
sectárea, quer nos tornar mais apreciativos a outros vaisnavas, quer formar
líderes até o máximo nível.
Considero
que estamos vivendo um momento histórico muito valioso e importante que nos
levará a novas compreensões, mais amplas e profundas. Prabhupad Bhaktisiddhanta
disse uma vez que um médico quer formar outros médicos, não a meros enfermeiros
ou algo do estilo, do mesmo modo, disse ele, um guru quer formar outros gurus.
Gurudeva Paramadvaiti também disse que existem guru de discípulos e guru de
gurus, essa explicação que nos deu uma vez me pareceu muito apropriada e valiosa, e com o que tem
feito nos demonstra que ele pertence ao segundo grupo de gurus.
Além
disso, ele sentiu a necessidade de permitir que os devotos se desenvolvam mais,
de acordo a suas inclinações e capacidades. Também sentiu a necessidade de ser
mais apoiado, mais acompanhado para carregar a carga dessa bela família Vrinda
que não pára de crescer e que vai alcançando proporções nem sequer imaginadas antes,
não só pelo número de devotos e programas, mas também pelos tantos tipos de
projetos que sua estratégica inteligência pregadora descobre a cada momento.
Por isso devemos colaborar com sri gurudeva para apoiá-lo nessa novo e
transcendental empreendimento. Devemos tratar de compreendê-lo e apoiá-lo,
assim cresceremos. Filosoficamente falando, não vejo nenhum mal nisso.
Permitam-me apontar alguns pontos para apresentar esse tema com mais claridade.
1. Em primeiro
lugar, a filosofia nos diz que devemos seguir ao Acharya e tratar de
compreendê-lo e não questioná-lo. Devemos ser muito cuidadosos com isso.
2. Está claro que
Bhaktyaloka é o desejo de Gurudeva e por isso foi dado seu próprio nome a este
novo ramo. Justamente para que não haja nenhuma dúvida na mentalidade dos
devotos, de que é uma idéia sua, um desejo seu. É um desejo, como disse antes,
muito profundo e interessante, muito dinâmico e de demonstração de confiança a
seus dois amados discípulos sannyasis que sempre tiveram uma conduta impecável.
3. Gurudeva se
caracteriza por ser muito franco e sempre dizer o que pensa, as pessoas
gostando ou não. Também se caracteriza por ser muito firme em suas ideias.
Sabemos muito bem que ele não faria algo que não seja aprovado por seu ser
interior. Ele também não faria algo assim sem ter pensado muito bem antes. A
verdade é que faz pelo menos três anos que ele está expressando esse desejo de
que alguns de seus sannyasis comecem a iniciar. É na realidade impensável
acreditar que ele não diria nada a seus discípulos sannyasis se pensasse que
não estão fazendo as coisas bem ou que não estou representando-o devidamente. É
verdadeiramente guru-ninda, ofensa ao guru, pensar que ele não vai corrigir
seus discípulos e além disso, vai animá-los a que iniciem novas almas sem
considerá-los qualificados. Isso é acusar ao guru de insensatez e. hipocrisia
4. No Sri
Chaitanya Charitamrta se descreve com felicidade e eu diria que até com
orgulho, o modo como a árvore de Sri Chaitanya Mahaprabhu foi crescendo e se
desenvolvendo em muitos ramos e subramos. Permitamos que esse grande ramo da
Família Vrinda comece a crescer seu primeiro sub-ramo na forma desse novo
Bhaktyaloka.
5. Logo no começo
do Jaiva Dharma vemos a história de Premadas Babaji iniciado a Sannyasi Thakur
e levando-o depois a conhecer seu próprio mestre espiritual, Pradyumna
Brahmacari. Ler isso me permitiu aceitar ainda mais a ideia de que um discípulo
pode iniciar mesmo estando seu guru presente. O próprio Mahaprabhu, o grande
emblema de devoto perfeito, iniciou discípulos enquanto seu guru estava vivo.
6. A consciência
de Krishna é muito ampla e inovadora, se ajusta ao tempo e circunstâncias. E o
Acharya tem a liberdade para fazer essas inovações, porque como bem se diz:
“quem conhece bem a regra sabe quando quebrá-la”. Não devemos ficar em dúvida
com o que ele decide. Não devemos acreditar que somos mais inteligentes que o
guru.
7. Filosoficamente
diz-se também que um sannyasi é um mestre de brahmanas, e Gurudeva Paramadvaiti
vária vezes disse que um presidente de templo é um guru, que inclusive é até
mais guru que ele mesmo, porque está sempre presente ajudando os devotos de seu
templo. Então, nesse caso seria formalizar esse conceito que é claro e correto,
e levá-lo a prática. É dar mais vida e corpo a uma bela e profunda compreensão
da Filosofia.
8. Ouro ponto é
que a aceitação de um guru é um assunto do coração, e se alguém que conheceu
Giri Maharaj ou Padmanabha Maharaj, e prefere se iniciar com Gurudeva
Paramadvaiti, assim será. É como quando Srila Sridhar Maharaj estava presente
no planeta e se algum devoto em nossos templos queria se iniciar com ele, não
havia nenhum problema.
9. Talvez esse
outro ponto seja um pouco secundário mas penso que existe também o desejo de
Gurudeva de erradicar o falso conceito que Prabhupad Bhaktisiddhanta chamou
“eka-guru-vada”, ou o fato de pensar que só existe um guru salvador, e que esse
é justamente meu guru. Parece-me mais maduro e interessante aprender a conviver
com a pluralidade de gurus, entrar na “terra dos gurus” como assim chamou Srila
Sridhar Maharaj e assim aprender a apreciar e a venerar a mais vaisnavas, o que
tornará muito mais atrativa e afortunada nossas vidas.
10. Pensar ou
dizer, que Giri Maharaj e Padmanabha Maharaj tinham o desejo de começar sua
própria missão e de começar a dar iniciação passando por cima de seu guru é uma
grande ofensa a dois vaisnavas muito respeitáveis e genuínos. Não se pode falar
dessa maneira sem colocar em risco sua própria vida espiritual. Não podemos
brincar com essas coisas. Pelo contrário, diria eu, eles estão obedecendo
inclusive com dor e grande esforço, a ordem de seu guru, é uma demonstração de
submissão e obediência diante de
um serviço que implica uma grande responsabilidade e risco. Um serviço que
decidiram realizar só porque seu guru os pediu, e não porque em algum momento
tiveram esse desejo.
E
com esse ponto já passamos para aos fatos históricos para além da análise
filosófica que antes fizemos. Parece que é necessário para alguns devotos ter
claro que essa ideia não surgiu da mente deles e sim que foi um pedido de seu
Gurudeva.
Por
isso solicito a vocês que apóiem essa ideia e que aproveitemos de crescer junto
com ela, porque essa situação a que nos empurra Gurudeva Paramadvaiti abre
novos horizontes. Ele está compartilhando conosco suas próprias realizações,
nos está obrigando a viver em “união em diversidade”. Nos força a ser mais
apreciativos em relação a outros vaisnavas, e nesse caso a seus dois discípulos
sannyasis como antes nos ensinou a apreciar os vaisnavas acharyas da Índia.
Sabemos
também que ele está sempre preocupado por evitar o mais possível caos quando
ele já não estiver mais presente, desse modo, se já existe discípulos seus
iniciando, já haverá mais acharyas
estabelecidos e firmes que poderão cuidar e levar adiante a missão que ele
deixar.
Sinceramente,
para além de critiar a Giri Maharaj e Padmanabha Maharaj por isso que está
acontecendo, deveríamos admirá-los e dar parabéns porque é um passo muito duro
na verdade, o mais indesejável. Faz anos que estive conversando com eles
pessoalmente, desde que Gurudeva lhes manifestou seu desejo, e eu vi o quanto
lhes custou aceitar. Sinto que posso compreendê-los porque para mim foi muito
difícil aceitar o serviço de guru, nunca desejei algo assim. Nós buscamos um
guru para sermos eternos discípulos, desejando a rendição e deixar de lado toda
posição e prestígio, mas o resultado, poderíamos dizer, foi justamente o
oposto, pela graça de Krsna o devoto entende e sente muito bem que não é guru,
e sim uma tentativa de servente de seu guru, ou como bem disse Gurudeva: “guru
por necessidade e não por capacidade”.
Poucos
dias atrás Giri Maharaj me expressava em uma bela carta de que maneira se
sentia agora mais próximo e mais dependente de seu mestre espiritual. Me
contava com confiança também que se sentia como um coelhinho da Índia, mas que
seus erros serviriam de aprendizado a outros vaisnavas quando tomassem o mesmo
serviço. Minha resposta foi que eu o compreendia muito bem porque me
manifestava o que eu senti quando comecei a fazer o mesmo. Me senti mais
próximo a Prabhupad, e pude ver mais claramente de que maneira os devotos que
se aproximavam de mim eram na verdade representantes de meu Gurudeva.
Em
resumo, meus queridos devotos leitores, lhes peço que não desconfiem deles, nem
dessa decisão que nosso Gurudeva tomou. Pelo contrário, devemos apoiá-la e
devemos orar pelo pleno êxito de Bhaktyaloka porque será o êxito de nosso
Gurudeva que desejou, idealizou e deu seu próprio nome, e será o êxito de todos
nós por mostrar que não sentimos inveja e que nos regozija muito ver os avanços
espirituais de nossos irmãos.
Jesus
Cristo disse que “por seus frutos os reconhecerás”. Desse modo, devemos nos
sentir felizes e orgulhosos desses dois frutos que estiveram amadurecendo por
tantos anos. Devemos sentir mais fé e confiança de que estamos nos inclinando a
uma boa árvore e guardar a esperança e orar para que tomara um dia possamos
amadurecer também e poder distribuir o mesmo sabor e doçura do coração de nossos
Gurudevas. É simplesmente o serviço que cedo ou tarde todo devoto comprometido
espera.
Se
alguém tiver perguntas pode me escrever, e também a Swami Giri e Padmanabha
Maharaj se ofereceram para atender suas possíveis inquietudes.
Com o desejo de lhes
servir de alguma maneira, vaisnava-dasanudasa,
Atulananda das.
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